Em linhas Filosóficas…

A música tem potenciais magníficos; acredito, sobremaneira, que o maior deles está em sua plural singularidade. (Espere, explicarei isso) Uma mesma música permite ao seu ouvinte absorvê-la de diferentes maneiras em diferentes momentos, podendo, inclusive, ser essa maneira particular a cada pessoa e diferentes situações que a mesma pessoa vive.

Eu, por exemplo, quando ouço músicas (especialmente às chamadas “clássicas“) fortaleço aquele que realmente sou, uma pessoa que deseja voar. Na tentativa de “separar-me” de uma capa biológica, utilizo do corpo físico apenas como codificador de sinais mecânicos em impulsos nervosos e, assim, deixo fluir os meus pensamentos. Viajo para locais que estão no meu íntimo, na tentativa de conhecer a mim mesmo (aludindo à máxima socrática) e a cada compasso vejo um degrau que me eleva enquanto humano. Além disso, destaco o seguinte: [para mim]ser um músico é muito agradável, porém, isso jamais superaria o fato de ser um bom ouvinte – o que, talvez você concorde, determina a qualidade do primeiro. Sou feliz por poder, a cada dia, aprender a ouvir uma música, sobretudo aquela capaz de me tocar e fazer-me ser tocado por mim mesmo.

Platão dizia o seguinte:

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Mas, pensemos! Será que existe alguma explicação mais racional para isso que acaba de  se dito? A música poderia afetar nosso organismo de alguma outra maneira que, talvez, permitisse lançar mão de um detalhamento mais palpável que o metafísico?

 

Em linhas Científicas…

Quando passamos para o lado experimental e científico, inúmeros são os relatos que atribuem à música característica interessantes. Mas, aqui é preciso muito cuidado! Por quê? Porque muitas publicações são fortemente convincentes e realmente atraem o público que, por sua vez, mostra-se bem receptivo à notícia. Sempre que você ler algo semelhante a “ouvir música clássica te torna mais inteligente“, desconfie. A música clássica é uma das formas de manifestação da música, mas existem inúmeras outras. Além disso, atente-se às fontes! Não acredite em tudo só porque é interessante! Pesquise!

Em um tempo não muito distante, foram publicadas [em sites não científicos] duas notícias que falavam do efeito da Música Clássica sobre o organismo. Na verdade, um deles abordava o efeito da música clássica sobre a atividade gênica no cérebro, enquanto o outro falava da regressão (ou da morte, para usar a terminologia da “pesquisa” publicada pelo G1) de células tumorais após serem submetidas à quinta sinfonia, de Beethoven. Embora em nenhuma das pesquisas fosse citada a fonte do trabalho, fui atrás delas e vi que a primeira  foi publicada em 2015, e também encontra semelhanças com outros trabalhos científicos publicados em 2004 e 2010; enquanto a segunda não apresenta nenhuma fonte (pelo menos não encontrei ‘nada’ seguro depois de muitas pesquisas) Mas há, todavia, uma página que resolveu falar bastante desta última – de forma bem detalhada, e foi escrita pelo conhecido Atila (do canal Nerdologia no Youtube), que conferir? Clique aqui! Não falarei dessa última pesquisa, apenas quis dizer que ela existe – confesso que achei a matéria do G1 bem estranha também! Ela aborda, inclusive o efeito-Mozart*.

Por outro lado, pesquisas mostram resultados otimistas sobre o “poder da música”, ou a “interação entre a música e o cérebro”.  Retomando à primeira pesquisa citada anteriormente, uma pesquisa de 2015 diz que ouvir música clássica frequentemente pode aumentar a atividade dos genes envolvidos na secreção de dopamina, na neurotransmissão sináptica, na aprendizagem e na memória“. Como você pode conferir no link (imagem) a seguir, eu trouxe a fonte da pesquisa para você! Isso é uma ótima notícia! Além disso, cabe dizer que o efeito observado pode ser devido à frequência da música escutada e não necessariamente/obrigatoriamente à música clássica em questão. No artigo é dito, por exemplo, que, “para começar, escolhemos estudar o efeito da música clássica, o Concerto para violino, de Mozart – No. 3 in G major, K.216, porque é relativamente familiar na cultura ocidental

Confira os detalhes no artigo abaixo (felizmente, pode ser baixado e lido na íntegra e gratuitamente – ele está em inglês, caso você não domine o idioma, sugiro que traduza o artigo no Google tradutor, mas não deixe de conferi-lo):

Música e Cérebro 03

Os pesquisadores acreditam que mais experimentos devem ser feitos para que outros efeitos da música no cérebro e no corpo humano sejam elucidados. Mesmo assim, eles concluem o artigo dizendo que “na sequência de todas essas descobertas, um subconjunto dos mecanismos moleculares aqui identificados pode refletir legitimamente as alterações na transcrição de genes no cérebro depois de ouvir música“.

Alguns  experimentos, entretanto, foram realizados em ratos hipertensos, conforme as pesquisas apresentadas abaixo (a má notícia é que, a menos que você esteja em uma Instituição que permita baixar gratuitamente os artigos científicos, você precisará pagar para lê-los na íntegra), mesmo assim, apresentam resultados muito interessantes:

Música e Cérebro 01

Música e Cérebro 02

Veja que interessante esse vídeo:


E agora, José?

Como você viu, a música realmente tem efeitos notáveis sobre o organismo, isso explica – seja filosofica ou cientificamente – o porquê de sua manifestação nas mais variadas culturas ser tão ligada a questões metafísicas e biológicas. Rituais religiosos raramente acontecem sem que haja algum tipo de música; filmes e animações  perdem toda a “graça” e “emoção” se não tiverem alguma trilha sonora. Vamos mais longe? Pense no reino animal como um todo: quantos são os seres vivos que utilizam do som, do canto, para estabelecerem uma comunicação? Olhai as aves: a importância do canto vai além da necessidade de cortejo/acasalamento, ele atua no estímulo do cérebro (que pode, por exemplo, secretar hormônios relacionados ao comportamento reprodutivo).

Voltando aos recônditos dos sapiens, acredita-se que a música está entre as primeiras manifestações humanas dado o seu potencial agregador e simbólico. Em outro Post aqui do Blog – O que é a Música? – eu falo resumidamente sobre o que entendo ser a “música”, utilizando mais de conceitos simbólicos e sociais do que de termos científicos, mas isso depende também de cada experiência de vida.

SAIBA MAIS:

  • entenda mais sobre a Filosofia Platônica atrelada à música acessando aqui!
  • Segundo a Wikipédia, Música é como está neste link!
  • (*) sobre o efeito-Mozart, sugiro que, se você tiver interesse, busque neste link (não quero deixar esse post ainda mais extenso – entretanto saiba que este link é apenas ilustrativo, a fonte é de linguagem simples), mas, em resumo, ele diz respeito ao melhoramento do raciocínio espacial e temporal, sobretudo em crianças de até 3 anos. Esse termo foi cunhado pelo pesquisador  Alfred A. Tomatis. Entretanto, pesquisas posteriores não permitiram que se chegasse aos mesmo resultados.

 

Eu não poderia terminar esse Post sem recomendar ao menos uma música para você! É uma tarefa árdua, porque realmente gosto de muitas. Por isso, para facilitar a minha vida, escolhi aquela que mais tenho escutado nessa semana, e é maravilhosa! Deixarei o link marcando o início da música na parte que mais gosto, mas sinta-se livre para ouvi-la desde seu início:

MOZART – Concerto para Piano, No. 21 in C major, K. 467 (tocada por Andrew Tyson)

 

Você teria alguma história para contar de como a música atua na sua vida? Deixe seu depoimento nos comentários!

 

Andreone Teles Medrado
Devaneios Filosóficos

 

#VocêJáParouParaPensar?

 

[A imagem da capa foi adaptada]