Como em todo dia 8 de março, dezenas de menções honrosas estão sendo proclamadas às mulheres, parabenizando-as pelo “seu dia”; há cartazes com flores espalhados pelas ruas e as publicações com plano de fundo em cor-de-rosa desejam um “Feliz dia da Mulher”.
Quando você ouviu ou disse essa frase hoje, no que você pensou? Qual a figura que lhe vem à mente quando você pensa em mulher? O que – ou a quem – as pessoas estão de fato parabenizando?
Eu realmente acho plausível que tenhamos um dia para erguer a voz e fazer nossa bandeira ser notada, talvez com um pouquinho mais de destaque. Mas não consigo passar por essa data sem me deparar com muitas pessoas à minha volta que não fazem de seus atos e de suas palavras a representação que esse dia merece. Deveria ser um dia de expressão de luta, resistência, mobilização, engajamento, objeção, mudança, recusa… mas tristemente ainda o transformam em símbolos que só reforçam os estereótipos de gênero, a distinção de papeis sociais, o “lugar da mulher” na sociedade. Ao observar muitas das mensagens propagadas nesse dia, fica nítido o que se espera (e se impõe) a um Homo sapiens intitulado mulher: maternidade, delicadeza, beleza física, sensibilidade, condescendência, multifuncionalidade incansável, etc.
Em meio aos devaneios que permearam minha mente nessa data, me deparei com um texto de Thayz Athayde, em Blogueiras Feministas, cujo trecho marcante expressa muito bem o ponto central dos meus questionamentos:
“De quais mulheres estamos falando? (…) Tentar falar de todas as mulheres não significa falar pelas mulheres. É muito mais uma tentativa de não pensar em uma identidade universalizante de mulher. Mas, falar por todas elas? Jamais. Aliás, nem dá para falar por todas elas. O objetivo é falar dessas mulheres que para muitas pessoas não existem e que fazem da vida sua própria existência e resistência. Quero falar das mulheres negras, das indígenas, das mulheres que não são brancas. Das mulheres com pênis, de seios siliconados, das que não tem seios, dos seios pequenos, dos seios grandes, dos seios. Das mulheres que não tem vagina, não tem útero, não tem ovário, por diversos motivos e não apenas por um único. Das mulheres lésbicas e das bissexuais. Das mulheres que se relacionam com outras mulheres, que amam outras mulheres, que se apaixonam por outras mulheres. Daquelas que gostam de homens e de mulheres, não porque estão confusas, mas porque gostam. Das mulheres prostitutas, daquelas que gostam de ser prostitutas e daquelas que estão ali por outros motivos que não cabe julgamento algum. Das mulheres que moram no campo, no sertão, fora da cidade. Das mulheres pobres, das marginalizadas, daquelas que fingimos não ver. E, mesmo tentando falar de todas as mulheres, sempre esquecerei de uma ou de todas.”
E então, eu finalmente lhe pergunto: O que é ser mulher?
#VocêJáParouParaPensar?
Texto de Luciene Di Santi
Luciene é, como ela mesma se define: “um sapiens na busca por descobrir o que sou, do que gosto e no que acredito“. Converse com ela sobre essas causas tão nobres e sobre tudo quanto desejarem. Entre em contato pelo link, clicando sobre o nome dela. Você, mulher, já parou para pensar no poder que você têm? Imagine somando suas forças!
[ . . . ]
Você já segue o Blog Devaneios Filosóficos? Aproveite e faça essa boa ação, siga o Blog e receba uma notificação sempre que um novo texto for publicado. Também, se gostar, siga e compartilhe a nossa página no Facebook.
NOTA: a imagem utilizada para compor a capa dessa publicação foi coletadas aqui.
Obrigada por compartilhar, Andreone.
Precisamos constantemente questionar o que é ser mulher na nossa sociedade, porque acredito que só assim poderemos mudar o cenário existente de rotulação e aprisionamento.
Almejo pelo dia em que as pessoas possam ser simplesmente elas (sabendo quem são), e não o que esperam delas.
Continuemos da luta 💪🏼
CurtirCurtido por 1 pessoa
Eu quem agradeço a sua gentileza de ceder o seu texto (que ficou excelente) para ser publicado nessa data, e que exige reflexões sobre o assunto!
Muito obrigado!!
CurtirCurtir