É preciso enxergar a vida sem filtros e sem escudos!

É comum observarmos no dia a dia pessoas [incluindo eu e você] que tenham afinidade com determinados assuntos ou estilos em detrimento de outros. Que mal há nisso? Isso é ruim? De certa forma, e em certa medida, não há nada de errado. Somos pessoas reativas, isso é natural, cada um reage àquilo que lhe convém. No entanto, alguns de nós reagimos  não exatamente àquilo pelo que temos afinidade, mas, especificamente àquilo que se opõe ao nosso gosto. Aos que [re]agem assim, chamo de Reativos Inversos Ultra-Específicos (termo cunhado por mim, que pode ser abreviado por RIUE).

Ser um RIUE pode ter sérias implicações, tanto na vida pessoal/individual quanto na coletiva. Um sinônimo bem superficial de RIUE pode ser “fundamentalista”. Uma pessoa fundamentalista é, entre outras definições, aquela que adota uma linhagem de pensamento baseada em sua crença ou ideologia e nada além daquele ponto de vista faz sentido; somente o que se encaixa naquela visão é capaz de gerar uma reação em seu ser, e por conseguinte, formar um produto. A parte complicada de entender é que o produto não difere tanto dos reagentes. Além disso, todo o resto – todos os demais pontos de vistas são considerados errados e como uma ameaça – devendo ser imediatamente combatido. Estes radicais, ou RIUE, consideram-se equilibrados. Acreditam, ainda, que o problema de fato está nos demais, jamais nele próprio. Não percebem sua reatividade diante do contrário.

Quando tornamo-nos RIUE, passamos a desenvolver preconceitos, a fortificar nossos dogmas e a rejeitar o diferente a qualquer custo, entre outras complicações.

Reitero, é natural que determinadas coisas provoquem em nós mais reações que outras; o mal está em ser capaz de reagir a apenas um estímulo. Nesse caso, a tudo que se opõe ao nosso pensamento. O mundo é variado, as pessoas são diferentes. Diz-se, hoje, que existem aproximadamente 7,6 bilhões de Homo sapiens, como querer que todos pensem da mesma maneira? Seria considerado sanidade mental criar afinidade por apenas um tipo de pensamento e buscar reagir apenas com ele rejeitando e combatendo os outros? Acredito que não. E você, o que pensa sobre isso?

Cabe dizer aqui, para completar, que reagir de forma natural a um estímulo não significa passar a comportar-se como quer o estímulo, mas, como sugere o vocábulo “reagir“, significa avaliar o estímulo, compará-lo como as nossas experiências de vida, reconhecer que podemos estar errados e, a partir daí, considerar a importância de incorporar novas experiências à nossa própria experiência. Isso é reagir. Reagir de forma inversa ultra-específica é o contrário disso. Seria como estar cego para tudo que dialoga contra nossos ideais.

Para crescer é preciso enxergar a vida sem filtros. É preciso reagir conscientemente e humanamente aos diferentes estímulos , sem colocar diante de nós a nossa bagagem intelectual como escudo. Das pessoas que conheço, a maioria delas que comportam-se como Reativas Inversos Ultra-Específicas são exatamente aquelas que definiram fortemente os seus dogmas e vivem o tempo todo armadas e protegidas por escudos, logo, tudo que é contra ela causam reações brutais, às vezes violentas; e tudo que ela lê, assiste ou ouve serve para aumentar suas crenças e diminuir todo o resto. Uma pessoa assim dificilmente crescerá como ser humano.

Você é uma pessoa reativa?

Você é uma pessoa Reativa Inversa Ultra-Específica?

A sua crença te induz ao bloqueio de questionamentos alheios? Os livros que você costuma ler são sempre do mesmo assunto? Estes assuntos são sempre condizentes com a sua ideia anterior à leitura? Você lê coisas das quais você não concorda tanto? Você para para escutar o que pessoas seguidoras de ideias totalmente diferentes da sua têm a dizer? Você questiona a sua crença? Você sabe no que crê? Você sabe quem é você? Pense! Pense! Repense! 

Vamos Agir! Vamos reagir!

Andreone Teles Medrado
(Devaneios Filosóficos)

#VocêJáParouParaPensar?

 

Créditos da Imagem