TEORIA DO MEDALHÃO – Contos de Machado de Assis
(Escrito em 1881)

“Filosofia da história, por exemplo, é uma locução que deves empregar com freqüência, mas proíbo-te que chegues a outras conclusões que não sejam as já achadas por outro. Foge a tudo que possa cheirar a reflexão, originalidade etc. etc”
(Trecho do conto Teoria do Medalhão)

Há mais de 130 anos, Machado de Assis escreveu um conto que, ainda na era pós moderna, parece estar bem atualizado. Nesse conto, Teoria do Medalhão, Machado enfatiza aspectos cruciais de uma sociedade alienada, que vê o triunfo social como se carregado sobre o cavalo do pouco esforço. A esse êxito chama-se “Medalhão“, uma posição social notória e bajulada, que destacaria e engrandeceria o homem, ainda que para isso fosse indispensável seguir a alguns princípios. Tal conto mostra o diálogo entre um pai e um filho. Este, que completara 21 anos de idade naquela noite, era ensinado a seguir determinados passos para que seja na vida adulta alguém com honraria tal qual o pai jamais pudera alcançar.

O que chama atenção, principalmente por fazer-se tão presente nos dias atuais, são os requisitos básicos para que uma pessoa pudesse angariar o status de Medalhão, veja dois deles:

1) Possuir inópia mental, ou seja, ser aquela pessoa que apresente uma certa escassez mental… que segue os demais. Naquela época as pessoas eram estranhas!

2) Não ter ideias próprias! Este é, sem dúvidas, como bem explicado pelo pai no conto, o princípio de maior valor! Principalmente porque possuir ideias próprias poder ser mal visto perante os demais, e pode gerar conflitos… o que não é interessante para que deseja notoriedade de seres vazios.

De fato, existem inúmera passagens interessantes no texto, lê-lo trará reflexões maravilhosas e, todavia, constatações não muito felizes, no entanto reais. Como é o caso da que reitero, em que a sociedade atual não percebe, mas preferimos ser vão repetidores de dizeres e de ideias que nem sempre sabemos seus significados, mas que “pegam bem” perante o todo. Como dizem frequentemente por aí, não cola ficar questionando tudo o tempo todo, não podemos levar a vida tão a sério sempre – há de ser descolado para se enturmar.

Reflita sobre o conto e deixe suas reflexões nos comentários: Qual a sua interpretação sobre esse conto?

 

Andreone Teles Medrado
Devaneios Filosóficos

 

#VocêJáParouParaPensar?