O que te faz bem é o que te faz mal!
A frase e a charge dialogam com o famoso princípio hermético do pêndulo, ou, como bem explicada no livro “O Caibalion“, o “princípio do ritmo“.
Também abordada fortemente no livro “O Profeta” (de Khalil Gibran), o conceito do pêndulo mostra que os sentimentos mais superficiais, como a alegria e a tristeza, a euforia e o desânimo, a expectativa e a frustração, são sentimentos que têm a mesma natureza, porém apresentam sinais opostos. Por exemplo, na imagem, aquela expectativa que o indivíduo possuía de encontrar o café na garrafa era o suficiente para bendizer o seu dia, contudo, ao perceber que não havia o café, imediatamente o seu dia virou “uma droga“, como dito no último quadrinho. Expectativa e frustração, na mesma intensidade, causadas pelo mesmo fator.
Veja bem, é preciso um controle do nosso “eu interior” para entendermos essas coisas. Se permitimos que coisas tão rasas mudem o sentido do nosso dia, passando de maravilhoso para péssimo, devido a pequenas coisas, como conseguiremos ver a beleza da vida? Como ouviremos a voz do silêncio?
Você já reparou? A alegria que sentimos quando alguém nos elogia tem a mesma intensidade, porém sinal oposto, se comparada a uma crítica ofensiva (as vezes vinda da mesma pessoa que nos elogiou). Ou, você já notou que a expectativa que temos de uma ação ao outro é tão forte quanto a frustração ao perceber que não houveram reconhecimentos? No final das contas, a mesma coisa que nos alegra, nos entristece; o que nos faz “bem” é o que nos faz “mal”; o mesmo motivo da expectativa pode ser o da frustração. Isso acontece porque muitas de nossas atitudes orbitam interesses vazios e egoístas.
É preciso e é possível buscarmos por sentimentos e por virtudes mais estáveis, que estão em planos superiores; em outros níveis mais elevados de consciência. Algum exemplo? Sim, vários: Amor, Fraternidade, Verdade, Respeito. Estes não dependem do meio para existirem, não esperam por recompensas. Eles bastam em si!
Por isso, dentro de suas possibilidades, evite oscilar tanto dentro de um espectro de emoções. Busque ser mais estável e menos superficial. Como diz Khalil Gibran, no livro O Profeta, “quanto mais fundo cavamos um poço de tristeza, maior será a porção necessária de alegria enchê-lo“. Entende?
Para finalizar, separei um texto bem interessante. Inclusive, foi cobrado em um vestibular de 2017:
“Os homens, diz um antigo ditado grego, atormentam-se com a ideia que têm das coisas e não com as coisas em si. Seria grande passo, em alívio da nossa miserável condição, se se provasse que isso é uma verdade absoluta. Pois se o mal só tem acesso em nós porque julgamos que o seja, parece que estaria em nosso poder não o levarmos a sério ou o colocarmos a nosso serviço. Por que atribuir à doença, à indigência, ao desprezo um gosto ácido e mau se o podemos modificar? Pois o destino apenas suscita o incidente; a nós é que cabe determinar a qualidade de seus efeitos”.
(Michel de Montaigne. Ensaios, 2000. Adaptado.)
Qual a sua opinião sobre o texto e sobre o tema? Deixe-a nos comentário!
[Créditos da imagem: a imagem de capa foi adaptada]
Andreone T. Medrado
(Devaneios Filosóficos)
#VocêJáParouParaPensar?