Esta imagem pode até parecer um clichê, de tanto que a ideia é repetida nas redes sociais. Para mim, contudo, rende uma boa reflexão…

 

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Primeiramente, faço-lhe uma pergunta: Por que querer no seu rosto o sorriso do outro?

Talvez, assim como eu, você olhe para essa imagem e constate que tal cena se repete dia após dia – independente do local em que você está. Infelizmente, muitos de nós acreditamos mais na intuição dos outros que na nossa própria – levamos isso na vida como se fosse totalmente natural e admissível. O resultado não poderia ser diferente, o que acontece nem sempre é interessante ou vantajoso: a frustração é certeira. Deixamos de olhar para o nosso caminho e de perseguirmos os nossos mais fortes propósitos para acreditarmos naquilo que faz o outro feliz; principalmente se a “felicidade” alheia for obtida com “menos esforços” – de forma fácil e rápida, digamos. Como saber? Não bastasse isso, ainda supomos que a felicidade do outro também serve para nós: “se ele está feliz com o que faz“, então, provavelmente eu também ficarei. Acreditar nisso de forma dogmática é um ledo engano! Felicidade é – em sua abordagem mais profunda – abstrata e relativa. Além disso, ainda que conseguíssemos aquilo que conseguiu outro, não sabemos o que deixamos para trás. Ou melhor, não sabemos se estamos fazendo o que realmente queríamos fazer.

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Eu não tenho o hábito de assistir televisão – algumas pessoas ficam chocadas com isso. Outras até dizem “e como você fica atualizado do que se passa no mundo?“. A verdade é que, apesar de saber que podem existir conteúdos de qualidade na TV, não me sinto atraído para ficar ali assistindo. Quando o assunto é jornalismo, noto que há uma indiscreta e voraz manipulação das informações: os assuntos são selecionados e modificados com propósitos muito bem estabelecidos, que só não os percebe quem não estiver a fim de pensar. Se, por outro lado, estou em um Domingo qualquer e paro em frente a uma televisão, o programa certamente será o mesmo que passava há 20 anos, com as mesmas distrações alienantes e dolosas ao intelecto. Se eu me estender e falar das novelas, dos programas como Datena, Caldeirão do Huck, etc, etc, posso ser chamado de ignorante e estúpido … Mas e daí?
Diga-me, Sr. Andreone, o que isso tem a ver com a imagem e com o que diz o segundo parágrafo? TUDO!
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Um pouco de ironia não faz mal a ninguém

Sem que muito seja dito, as mídias sociais buscam induzir seus observadores a comprarem o que torna o outro feliz. Sempre vemos propagandas de pessoas que têm a melhor vida pessoal e profissional possível – assim é o que se demonstra. O melhor carro para você é, sem dúvidas, segundo elas, aquele que posa na propaganda entre as novelas. A melhor calça jeans, e que combina perfeitamente com o seu corpo, é aquela que está no outdoor das ruas movimentadas. Celulares? Se não for aquele lá, esse seu não vale nada – desculpe-me! Nem tem uma maça na parte de trás. Outra coisa, ter a a maçã não vale de muita coisa se não for a mais recentemente colhida da macieira. Vamos salpicar o prato falando de corpo? O seu corpo é sem nenhum excesso de gordura?, o seu bumbum é maciço e empinado?, aquele seu vestido deixa você como a garota de Ipanema sequer por um segundo? a sua barriga é de tanquinho e seus bíceps e quadríceps são bem definidos? Então, como você quer estar feliz assim? Junte-se à massa, nela a felicidade é uma promessa e a tristeza é banida!

Está percebendo? Os exemplos seriam inumeráveis, mas já se pode notar que praticamente todos os dias de nossas vidas, em todos os lugares, recebemos ofertas para abandonarmos os nossos pensamentos e estilos e buscarmos por um já pronto e eleito por poucos, porém adotado por milhões.

É desesperador perceber que isso tudo está escancarado mas que ninguém se importa!

O que eu -humildemente – tenho a dizer?:

  1. Se você tem um propósito de vida e sabe muito bem que o quer, vá atrás! Os outros, no máximo, lhe dirão conselhos que mais falam de si próprio do que sobre o que você realmente precisa ouvir!
  2. Antes de incorporar à sua vida alguma ideia, pense bem! Essa ideia é fruto de suas reflexões e ponderações racionais ou não passa de algo que “todo mundo está fazendo”?
  3. Não olhe a felicidade do outro como uma regra para a sua vida! Cada pessoa carrega consigo um conjunto de experiências que deram sentido a sua vida em particular e que com o todo formam um ser. Assim acontece com você! Então, não é só porque fulano fez uma coisa e deu certo que dará certo com você. Isso “pega bem” quando falam da tal meritocracia. Entretanto, em um cenário de desigualdades e falta de oportunidades homogêneas, falar disso levanta inúmeras controvérsias.
  4. Em suma: PENSE POR CONTA PRÓPRIA! Como disse Helena Blavatsky: “mantenha os olhos abertos, ou o destino tratará de abri-los .

E então? Você deixará de cavar o seu terreno para buscar diamantes na terra do vizinho? Vai continuar querendo no seu rosto o sorriso que é do outro?

 

[ANDREONE T. MEDRADO]
Devaneios Filosóficos

PS: A imagem não é minha. Quem souber a autoria, por favor, avise-me!