Nesse turbilhão de emoções em que vivemos diariamente; nessa avalanche de títulos que emergem desde as profundezas da ganância até o ápice do sobrevivencialismo; dentre os quase infinitos perfis digitais; entre as opiniões que as pessoas têm de nós e entre aquilo enxergamos quando ocasionalmente olhamos para dentro do nosso ser, ou de nossas máscaras, uma pergunta grita de maneira angustiante e quase desesperadora: Quem realmente somos?
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Às vezes tenho um pensamento bem excêntrico: “Se, quando eu morrer, alguém decidir escrever algo sobre mim [faz de conta que será interessante], com certeza ficará bem incompleto“. Raramente falo tudo de mim com palavras; na maioria das vezes, transmito, sim, mas em ações, em dicas perdidas no ar. Há que estar atento para entendê-las. Mas não sei, parece-me que raras (senão nenhuma) são as pessoas que percebem o ser imaterial que mora no Andreone civil (também imaterial, mas materializado pelo fato de existir em sociedade). E sei que o mesmo pensamento pode valer para muitas outras pessoas além de mim. Isso porque, infelizmente, não treinamos os nossos “olhos” para enxergar quem são as pessoas por detrás de um nome registrado em cartório, ou por detrás de um conjuntos de códigos emitidos pelo nosso corpo.
Há quem me ache sério; outros me acham inteligente; algumas pessoas dizem que sou muito reservado. Existem também aqueles que dizem que exponho minhas ideias com muita clareza e coerência, enquanto outros dizem que sou muito confuso e contraditório comigo mesmo. Sem dizer dos que pensam que sou um caro servo de Deus, ao passo que outros acreditam que me aliei a Lúcifer (mas isso só faria o menor sentido se eu acreditasse em ambos) […] A verdade é que já fui chamado de otimista, pessimista, engraçado, sério, presente, distante, cristão, ateu, santo, demônio, teimoso, volúvel, isso, aquilo, e tudo mais. Diante desse cenário, penso fortemente que, se a vida fosse uma tela na qual cada “artista” pinta os demais seres viventes como estão em suas mentes, logo cada um me pinta com a tinta que tem na paleta. Mais uma vez: infelizmente não treinamos nossos “olhos” para enxergar quem são as pessoas além do que elas aparentam ser. Olhar para dentro de si exige esforço, para o qual poucos querer despender energia.
Não é possível que eu seja tudo isso que dizem que sou; muito menos posso estar variando assim para cada um ao meu bel prazer… seria demasiadamente custoso, coisa que também nem eu queria ser. Mas, e então, quem realmente sou? Como ser eu nesse mundo de identidades arbitrárias e diluídas?
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É possível ser original? Ou só chegamos a ser diferentes?
Ser diferente não quer dizer necessariamente que somos únicos, originais. Logo, acho pouquíssimo provável, se não impossível, haver uma originalidade absoluta. Podemos, sim, ser originais quanto à forma de usar o que já nos foi dado, mas sempre carregaremos outras marcas incrustadas em nossa personalidade. Sempre carregamos algo que não é originalmente nosso. E isso não é bom nem ruim, simplesmente é o que acontece.
Quando pensamos em fazer o bem à humanidade e a toda a natureza, agindo a cada dia mais honestamente, com mais justiça e mais reverência para com aquilo que cada pessoa chama de “vida”, estamos sendo originais? Questione-se sobre isso!
#VocêJáParouParaPensar? É absolutamente comum buscarmos uma orientação sobre algum aspecto para que prossigamos na vida – é o que chamamos de Arquétipos, na filosofia. Não nascemos prontos! Observe cada descoberta que ocorreu no mundo; elas só foram possíveis porque um humano olhou para trás e viu os passos de outrem; daí, aperfeiçoando o que já existia, criou-se algo “novo” – esse comportamento é sequencial, repetido – ele existe até hoje. Por exemplo, um notebook, do tipo MacBook Pro, pode parecer totalmente novo, original e espetacular se comparado a uma máquina de escrever primitiva; mas, olhando com mais cuidado, veremos que se alterou a forma como o equipamento pode ser utilizado, mas a essência é a mesma: produzir informações. A forma como ele foi modificado pode até ser original, mas o equipamento em si é imitado. Poucas são as coisas que surgem exclusivamente de um ponto… mesmo assim, não demora para que sejam constantemente modificadas [pela imitação].
O mesmo acontece conosco, humanos. A cada geração modificamos o nosso ser social, mudamos o nosso comportamento e a forma como interagimos em sociedade, mas, ao contrário das mutações genéticas – que são ao acaso e sem propósitos -, fazemos isso buscando por um ideal que existe desde que o Homo é sapiens: queremos constantemente encontrar uma identidade pessoal e única, mas usamos de modelos pré-existentes – ou seja, na mais otimista das hipóteses, somos imitações aperfeiçoadas (ou não) de algum antepassado.
A grande questão é: o chamado “eu“, que existe em nós, é o que fazemos dele ou o que as pessoas fazem com que ele seja? Essa dualidade é verdadeira, não tenha dúvidas; mas quem pesa mais na balança?
A parte pelo todo
Para pensar mais, podemos fazer uma breve observação do nosso entorno. Faça isso você, agora: olha ao seu redor, caso esteja acompanhado de outros Homo sapiens (se não estiver na companhia de nenhum deles, busque por algum na sua memória mesmo); trace um perfil da primeira pessoa que estiver enxergando, ou pensando – tente dizer para você mesmo quem é essa pessoa de fato. Conseguiu? Que maravilha! Parabéns! […] Quer saber, esqueça tudo o que escrevi sobre observar outra pessoa! Faça diferente: olhe para si mesme. Vá a um espelho e tente se definir pelo que vê refletido, depois, feche os olhos e aumente o volume de dados de suas observações – olhe para dentro de si. Ao final da análise diga a si mesme quem é você. Conseguiu? Agora pense…, o que você usou como parâmetro? Quais foram os seus critérios? Qual o seu grau de afinidade com os seus próprios atributos? Diga-se tudo!
Uma constatação muito cruel, porém verdadeira, é que geralmente usamos de critérios e parâmetros estupidamente pobres para avaliar a nós mesmes – imagine, então, para avaliar outra pessoa? Somos seres extremamente rarefeitos nesse tipo de análise. O que prevalece é a avaliação exterior, o feedback do conjunto parece dizer mais sobre nós que o que realmente somos [?]. Quando curtem as nossas fotos e parabenizam-nos por elas, aceitamos que os momentos, as comidas ou a arte ali retratados foram bem feitos; quando somos elogiados pelo nosso jeito intelectual, acreditamos que somos intelectuais; se nos dizem frequentemente que somos vagabundos, acabamos assumindo essa postura, pois “já que a maioria está dizendo, deve ser verdade“. E como fica quem realmente somos? Não somos nada além de opiniões alheias? Será que é realmente normal e justo aceitar um pequena parcela de informações pré-concebidas e torná-las representante do todo, criando, assim, uma identidade?
Se essa ideia vale para mim enquanto indivíduo, ela também pode e deve ser expandida, abrangendo as demais pessoas. Dessa forma, julgar alguém pelo pouco que o conhecemos, como a partir de um comentário nas redes sociais, uma foto no Instagram, um encontro ao acaso ou premeditado, não diz muito, ou quase nada, do que ele realmente é. Isso é tomar a parte pelo todo. É como olhar para uma peça de um quebra-cabeça e tentar julgar como ele seria se já estivesse montado. Quebra-cabeça esse que leva muito tempo e dedicação para ter uma composição minimamente compreensível.
Por mais que seja inegável a influência da opinião alheia em nossas vidas, não podemos assumi-la como um veredito irrevogável. Temos o direito de pensar sobre o que é dito ao nosso respeito e tomar um partido crítico e racional sobre isso.
Com que ‘olhos’ o “eu” é visto?
Considerado-se parte do que foi dito acima, podemos notar que não é difícil de criarmos uma identidade oriunda de fatores puramente externos, acreditando, ao final, que não somos nada nem ninguém tão profundo, uma vez que representamos a aquisição de ideias e comportamentos já existentes antes de nós. Isso é um equívoco!
Arrisco dizer que o “eu” verdadeiro é justamente aquele que, lançando mão de todos esses atributos adquiridos, consegue organizá-los e estruturar uma personalidade mais pessoal e independente do meio. É justamente ele que, dentro de seus modos de percepção, sensibilidade e respostas, corresponde a quem somos verdadeiramente. Mas qual seria a nossa maior dificuldade em percebê-lo dessa forma?
Um dos maiores percalços que gera uma profunda crise de identidade é, ao meu ver [e considerando minhas experiências em conversas mais aprofundadas], o fato de não nos enxergarmos com nossos próprios olhos. Eu sei, já falei disso antes, mas preciso repetir com alguns detalhes adicionais: somos muito mais que a opinião pública. Sim, a opinião pública tem voz muito mais presente em nossas vidas do que podemos imaginar. O ideário coletivo, uma versão da opinião pública e que sustenta ideias fortes e dominantes sobre quaisquer que sejam os assuntos, estão por toda parte, agindo em silêncio ou aos berros, mas agindo sempre. Quando damos mais valor a esses pontos de vista engessados e agressivos, acabamos optando por enxergar nossa própria essência com olhos alienados – ou seja, não a enxergamos de verdade, antes vemos nela uma projeção do que manda a coletividade. Isso é danoso! O que você acha?
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Só por curiosidade… Uma certa pessoa costuma ser chamada apenas por seu apelido – ela foi-me apresentada de tal forma. Seja em um momento mais formal ou mais descontraído é o seu apelido que prevalece. Certa vez, para fazer um “experimento social”, chamei-a pelo seu nome de registro (aquele mesmo presente no RG, CPF, etc) – na mesma hora ela perguntou se eu estava bravo, ou se ela havia-me feito algo de errado. Tudo porque apenas pronunciei o seu nome “oficial” ao invés daquele usado quase como uma identidade – não alterei o tom, nem a forma da fala, apenas o nome de que me servi foi outro. Essa pessoa certamente que se apegou mais à forma que ao conteúdo. Olhe que é só um nome, mas ele parece dizer mais que se possa imaginar sobre a pessoa – ou, ao menos, assim é considerado.
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A ideia do contrário
Somos perfeitos? Não! Até porque, se “perfeito” é, de acordo com a etimologia da palavra, ser “feito do início ao fim“, acho que não dá para sê-lo agora. Logo, precisamos de tempo e maturidade para aceitarmos que carregamos alguns atrapalhos, algumas coisas que não são necessárias à nossa existência pessoal e que nos torna desfigurados de nós mesmo. Muitas vezes, na busca por uma identidade mais “original” praticamos a ideia do contrário: passamos a agir ao contrário do que agem as pessoas à nossa volta, ou somos contrários ao que nossos amigos e pais nos aconselham, simplesmente por achar que dessa maneira estaremos lutando contra o ideário coletivo e, assim, aproximando-nos de quem realmente somos. Isso não faz muito sentido, por mais que parece combinar com o que eu disse em parágrafos anteriores.
A ideia da qual compartilho, em sua essência, não é de agirmos contrariamente a todos em qualquer que seja o assunto. Há que ser inteligente nessa hora, pois às vezes criamos verdadeiros bloqueios mentais que nos aprisionam de tal maneira que não ouvimos nada nem ninguém; tudo soa como uma ameaça e, com isso, petrificamos nossas ações em um modus operandi único: contrariar tudo e a todos, seja lá o que for. Isso, sem dúvidas, impede-nos de enxergar inclusive quem somos por dentro.
Fica, portanto, claro que atitudes assim são prejudiciais, tanto ao próprio indivíduo quanto para os que o cerca. Uma sugestão é o desenvolvimento de um olhar crítico sobre a vida, passando a agir com imparcialidade no momento da análise de si mesmo e do todo. Nossos defeitos foram feitos para ser dominados na medida em que os reconhecemos em nós. Nesse caso, ser contrário aos nossos próprios defeitos e buscar controlá-los parece-me uma boa ideia. Que tal?
O “Eu” depende de quem?
Pegando carona com o que foi dito até agora, notamos que o “eu” pode ser pelo menos dois, a depender do ponto de vista: o eu social, aquele que é externo, uma vez que é criado pela sociedade, ainda que o adotemos; e o eu interior (ou pessoal), que é aquele oriundo de nós mesmo, independente de agentes externos. Portanto, fica uma pergunta: quem é você quando ninguém te vê, ou quando a última porta fechou-se atrás de ti e ninguém pode observar o seu comportamento além de você mesmo?
Algumas pessoas têm o péssimo hábito de serem “simpáticas” e “honestas” apenas quando estão na presença de outros H. sapiens (presença física ou virtual); mas logo que ficam sozinhas revelam-se o oposto, são mentirosas, asquerosas e um verdadeiro poço de maus costumes. É como aqueles seres humanos que ao encontrarem um fulano dizem “Que ótimo te ver, estava com tanta saudade de ti!“, mas que, quando este vai embora, desabafam um “Eu não suporto esse fulano, é um palerma, não sei como ainda teve coragem de vir falar comigo!“. Sem perceber, além de serem absolutamente medíocres, essas pessoas estão usando o eu social, cuja imagem é de um ser amigável e carismático, mas que na realidade nada têm disso. Elas assumiram que são assim, então, para manter a ordem agem com um “carisma” que pensa sustentar esse “eu” sempre vivo perante os demais.
Ao valorizarmos somente o que é exigido pela sociedade como um todo, adotamos uma “imagem ideal” como representante do nosso próprio caráter formativo e passamos a viver esse “eu” pequeno como se de fato ele nos representasse. Assim, assumimos que somos pessoas sempre sorridentes, que não podem falhar em circunstância alguma, que jamais está em dúvida e que nunca sente dor. Mas é justamente o fato de aceitar essa imposição que nos torna pessoas profundamente abaladas; pois, como podemos sustentar algo que nem conhecemos de verdade? Vivemos querendo agradar tanto o outro que, quando pensamos em agir por conta própria a única saída que achamos é a de praticar a já abordada ideia do contrário. Obviamente que o resultado dessa ilusão é uma depressão que pode ser esporádica e pouco agressiva ou, na pior das hipóteses, corriqueira e com graves consequências. Essa dependência externa é quase que cega, muito embora quem manipula o coletivo sabe precisamente aonde quer chegar, e usa-nos para isso – pois aceitamos o acordo.
Recentemente publiquei uma frase nas redes sociais e algumas pessoas consideraram “ácida“, mas eu só disse o que acredito fazer algum sentido:
Por outro lado, o eu interior busca olhar para si sempre que possível. Independentemente do que dizem dele, há uma imagem construída que representa quem ele realmente é em sua estrutura. Mas isso não pressupõe imutabilidade – conhecer quem realmente somos e agir por nós mesmos é, acima de tudo, uma ótima oportunidade para repensar se estamos trilhando caminhos mais Humanos ou mais mesquinhos. Uma vez que temos noção de quem somos também temos a oportunidade de assumir o controle de nossos atos sem a necessidade de culpabilizar todos pelas nossas falhas, ou agradecer a “alguém” pelas nossas conquistas; a construção e desconstrução de ideias e porquês fazem parte do “DNA” de alguém que conhece a si mesmo, ou que está em processo de descobrimento de si. Isso, no entanto, requer maturidade, elevação do estado de consciência e, sobretudo, muita humildade.
Por fim,
Eu faço questão de retomar o questionamento inicial: nesse turbilhão de emoções em que vivemos diariamente; nessa avalanche de títulos que emergem desde as profundezas da ganância até o ápice do sobrevivencialismo; dentre os quase infinitos perfis digitais; entre as opiniões que as pessoas têm de nós e entre aquilo enxergamos quando ocasionalmente olhamos para dentro do nosso ser, ou de nossas máscaras, uma série de perguntas grita de maneira angustiante e quase desesperadora: Quem realmente somos? Quem é você? Quem sou “eu”?
Se a dualidade do “eu” consiste nas divisões em que ele se encontra – entre o que prega a sociedade e o que ele realmente é -, cabe a nós decidirmos que lado será mais alimentado. Criar culpados para as nossas atitudes somente prolongará a falsa ideia de que somos incapazes, ou fomos incapacitados, de agir Humanamente. Não há culpados! Uma vez que seja o eu social ou o eu interior que domine sobre nossa identidade, e nós consentimos sua expressão, nós mesmos somos os responsáveis pela existência de um deles, quando não dos dois simultaneamente. A humildade no aprendizado, a criticidade ao observar o nosso entorno, a busca pelo conhecimento, bem como a desconstrução de determinados dogmas, todos funcionam como uma excelente ferramenta na formação de um “eu” mais autônomo e transparente. Essa luta em relação ao caráter dual entre nós e nós mesmos não prenuncia um final, ela é constante, mas pode ser enfrentada com sabedoria. “Nada nessa vida fica parado, tudo se move em alguma direção“, já diz uma professora de filosofia. Assim, assumir as “rédeas” da vida é algo que podemos fazer; então que o seja agora!
Quanto às inúmeras facetas que eu mesmo – enquanto Andreone Teles Medrado – assumo entre os meus amigos e coexistentes sapiens, paciência! Deixe-os que me chamem como conseguirem, que me pintem com as tintas que possuem; só preciso ter consciência de quem realmente sou e, sabendo disso, buscar sempre pelo aperfeiçoamento de mim mesmo!
Píndaro, um poeta grego, disse algo muito impactante e simples, porém profundo e verdadeiro: “Sê quem és, sabendo!“
#VocêJáParouParaPensar?
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Andreone T. Medrado
Devaneios Filosóficos
As imagens utilizadas na composição da capa para essa publicação foram obtidas aqui: (letra “e”, letra “u”)
Isso me fez pensar se gostamos das flores por que elas são coloridas e tem formatos harmoniosos ou pelo seu cheiro… ou quem sabe até pelos dois… Elas vivem de aparência?! Bom devaneio novamente!!!! =)
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Meu caro Péricles, primeiramente, muito obrigado pela participação!
Sobre o seu questionamento, posso tentar falar dele sob o “olhar da flor”, que te parece?
A flor, por ser como ela é, apresenta certas características que são intrínsecas à sua existência; possuem aroma, forma, tamanho, cor e outros componentes que são característicos de cada espécie. Escolhendo-se uma flor qualquer, todas as de uma mesma espécie apresentam características iguais ou muito semelhantes. O observador dessa espécie em questão, por sua vez, pode ser bem diferente e isso fará com que essa planta seja observada sob variadas concepções. Uma abelha, que percebe ultra violeta, um cão, que enxerga em tons de cinza, um morcego que utiliza a ecolocalização e o olfato e um ser humano que enxerga em RGB perceberão coisas distintas de um mesmo “objeto”, no caso, a flor. E é aqui que eu insiro o meu texto: apesar de possuir uma imagem que varia de acordo com o observador, sendo ela mesma, a planta continuará fazendo aquilo que veio ao mundo para fazer, ela não se altera embora seja “multi-compreendida”.
A aparência do flor, que é diferente de acordo com quem a observa, é um fator evolutivo que permite sua sobrevivência. Mesmo assim, apesar de depender de sua aparência para viver, ela não se modifica espontaneamente para ser agradável.
Usando dessa metáfora, nós podemos ser vistos de diferentes maneiras, mas devemos ter ciência de quem somos no modo “permanente”. Entretanto, diferentemente de uma flor, podemos escolher modificar nossa estrutura interior e transformar o nosso “eu”. Aí que entre a dualidade do “eu” e a nossa condição de lidar com ela. Para nós, humanos, viver de aparências pode não ser muito bom se considerarmos o plano individual, principalmente.
Um forte abraço!!!
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Vamos juntos e obrigado por devaneios tão bons para se refletir!!! Com tanta bagunça rolando por aí, ler textos como os seus que são motivadores para nossa curta estada terrena!!! Cara, que lindo isso que você fala da dualidade, e sim, viver de aparências não é para seres humanos, pelo menos não para mim… Valeu, abraços!!! =)
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