Quem seremos depois?

Será que, quando esse isolamento social acabar e a pandemia for apenas uma dolorosa cicatriz, as pessoas estarão mais empáticas e valorizarão mais o contato humano no âmbito físico? Ou será que terão se acostumado ao fato de que os contatos não precisam ser tão intensos e que um mecanismos de acesso virtual por si já é o suficiente? Acostumaremo-nos a ouvir, sós, os áudios de aplicativos em vez da voz real? Preferiremos os toques no teclado “tooch” aos abraços e às acolhedoras escorregadas de mãos sobre o rosto? Deixaremos de olhar apenas para as telas e buscaremos um olhar que fala? Um sorriso será, enfim, mais valioso que um “like”? Seremos nós a nossa própria imagem, ou teremos nos acostumados a viver sempre editados e com filtros? Quem seremos depois dessa pisada da história?

Dito em outras palavras: será que o isolamento social despertará nas pessoas um olhar mais sensível de cuidado com as amizades e com seus relacionamentos interpessoais? Aprendemos, durante o isolamento, a nos enxergar e a nos ouvir?

O ser humano tem uma característica ambivalente: se adéqua facilmente às diferentes situações em que se encontra, seja ela do ponto de vista subjetivo (como nas relações sociais) ou do ponto de vista objetivo (como ao próprio meio ambiente). E sua ambivalência está em conseguir vantagens e desvantagens a partir de uma mesma habilidade. E qual é, ou será, a nossa adequação a partir dessa pandemia? Faremos como alguns, que banalizam os mortos pelo Covid19 dizendo “e daí?“? Nos acostumaremos com as notícias de óbitos ao ponto de só desejar o achatamento da curva e não o do sofrimento das famílias em luto? Aceitaremos silenciosamente o silêncio das ruas, os sorrisos cobertos por máscaras e o medo constante e inconsciente de que a pessoa ao nosso lado pode nos contaminar? Ou manteremos a ideia de que esse é um evento trágico, global e de fato preocupante, mas que ainda existem subjetividades no mundo?

Será que nos acostumaremos ao período, seremos outra vez um líquido que se molde ao recipiente? Ou faremos diferente de tudo isso? Quem seremos depois da pandemia e do Coronavírus? Porque uma coisa é certa: não seremos a mesma sociedade de antes.

 

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vjppp

Andreone T. Medrado
Devaneios Filosóficos

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NOTA: a imagem utilizada para compor a capa dessa publicação foi obtida aqui.