Hoje acordei reflexivo; outra vez. Certos “fantasmas” deixam de ser assustadores quando nos visitam com frequência – eles passam a compor o nosso “eu”; e o fantasma somos nós próprios. Hoje, pela manhã, quando liguei meu WiFi, vim aqui no meu perfil e fiquei pensando sobre o que e para quê/quem é tudo isso que posto. Cheguei até a indagar em voz alta (lado bom e simultaneamente estranho de morar sozinho): “Por que fazer isso, assim?”.
É bem verdade que redes sociais, como o Instagram, podem proporcionar uma ampliação da visão de mundo; permitem conhecer novas pessoas, das quais muitas são incríveis; permite que eu me expresse e, a partir disso, que eu seja visto. A propósito, sempre tive prazer em compartilhar o conhecimento que tenho, mesmo que ele seja pequeno e, às vezes, irrelevante. Mas hoje me pus a pensar se preciso ficar mesmo correndo atrás desse compartilhamento para ser útil. E tal pensamento veio depois de uma súbita pergunta de mim para mim: “Por que preciso provar que sei das coisas? E quem disse que eu sei delas?”.
Foi quando realmente me incomodei em ter de ficar gravando, escrevendo, proclamando o que “sei” para que as pessoas achem que realmente tenho algo a dizer. E essa guerrilha não se passa apenas em mim; antes fosse. Mas a vejo em toda parte; se você quiser ganhar a tão sonhada “visibilidade” e possuir o famigerado “engajamento” você precisa ceder. Precisa ceder suas horas, seus dias, seus devaneios… suas energias. E certamente os cederá, pois o brilho de ver seus “números” aumentarem reforça a ideia de que você é importante; e sendo importante você deixa de se importar com a “coisa” e passa a buscar pela “ideia da coisa”. Mas para algumas pessoas isso cansa, isso fatiga, isso é surreal de tanto que é pesado. No fim, talvez seja apenas uma armadilha vestida de beleza. A beleza de ser “alguém”; mas um alguém autodesconhecido.
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Escrevi esse texto no meu perfil no Instagram em 22 de julho desse ano; mas aquele fantasma não deixa de passar por aqui para tomar um café e questionar as coisas como elas acontecem. Por que fazemos o que fazemos? Para quem publicamos tantas palavras organizadas em textos? Por que tantas frases costuradas, que formam um tecido de ideias? Que cama queremos forrar? Que corpo queremos cobrir? Quando da vontade de sobreviver vem a escrita, qual é a vida produzida?
Pudera minha palavras interferir no mundo; pudera meus versos aplacar dores; pudera esses parágrafos ser para algum jardim as flores. Pudera! Mas essas perguntas nem precisam ser respondidas; ora porque não tem respostas, ora porque ainda não as achei. Mas à parte todo o devaneio, eu ainda sei que estou vivo só porque escrevi. E é isso que não me desce! Porque eu teria de vender aquilo que me salvou para me afogar num lago de realidades distorcidas? Quando vejo gente que se transforma para ser aceita na rede de relações só tento entender porque isso, que nitidamente as sufoca, ainda é tido como uma joia a ser conquistada… Enfim, o fantasma veio me visitar outra vez, e a pergunta foi: “Para que[m] serve o seu conhecimento?”
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Andreone T. Medrado
Devaneios Filosóficos
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Conhecimento é Conhecimento e como Luz Não é para ficar embaixo da mesa, mas Ilumina-la! Particularmente, sou avesso a livros Não didáticos porque eles refletem a opinião do Autor! Já uma Redação sobre um tema, mesmo que haja um grau de subjetividade, mas o tema tratado existe e, trazer nele intrínseco uma vivência é maravilhoso!
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Se uma pessoa for salva com um dos seus textos, considero algo imensurável. Não importa os números, quantitativos, visibilidade… se fez e atingiu apenas uma, foi, é e será importante (pelo menos para o leitor/leitora).
Abç, Andreone!
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