Você conhece uma palavra mais utilizada que “Amor“? Mais: você conhece uma palavra que é capaz de assumir mais significados que “Amor”? Talvez você diga “Deus”; mas, dizem, também, que Deus é Amor. Isso ajuda a equivaler os termos – ao menos em parte e conceitualmente.

Não pretendo falar sobre o Amor propriamente dito, isso renderia um texto muito grande – o que pode acontecer em outra ocasião. Eu poderia, por outro lado, falar sobre tudo que eu acho não ser o Amor; mesmo assim, não teria como fugir muito da extensão textual. Por isso, optei por apenas trazer à tona uma reflexão sobre uma possibilidade do que de fato não é o Amor – e farei isso com pouquíssimos exemplos.

#Paro&Penso a cada dia que passa, a cada texto que leio e a cada coisa que ouço, percebo que o vocábulo “Amor” desvia-se continuamente de seu sentido mais essencial. Mas, aqui já cabem umas perguntas simples: Qual é o sentido do Amor? Para que foi criada essa palavra? O que ela significa? Por que, e com que finalidade, o “Amor” existe? Realmente, há um propósito ou uma finalidade?

Por exemplo, uma pessoa que existia durante uma certa idade, após saber de sua gestação torna-se “mãe”. Nesse momento, ela diz que o amor de mãe é o mais puro. Será mesmo? Será que o tal de amor é condicionado pela gestação de um outro ser vivo da mesma espécie? Se assim for, todas as fêmeas que possuem filhotes deveriam amar de forma mais “depurada” que aquelas sem filhos (obviamente que isso não é verdade – nem faz o menor sentido). De mais a mais, por que não podemos amar independentemente de uma condição de laços íntimos? #VocêJáParouParaPensar?

Ainda nesse contexto, considero muito comum os pais [pais e mães] enxergarem um filho (aquele dito proveniente de seus gametas) como algo realmente seu – “esse é meu filho”; entretanto, caso este seja adotivo, a linguagem passa para “é como se fosse o meu filho”. Nesse vai e vem, criou-se a ideia de que existe um vínculo [a saber biológico] que torna o amor como fruto de uma relação pessoal. Outra coisa curiosa é que, ama-se tanto o filho que, na primeira oportunidade, lança-se em rosto tudo aquilo que lhe foi feito um dia, como se estivesse “pedindo as contas pelos favores“. “Amor de mãe” é uma criação cultural. Acho no mínimo mais razoável dizer que existem mães que amam, enquanto outras apenas criam seus filhos e usam a palavra amor como uma mera interjeição. Ninguém ama dessa forma, isso não é amor. Essa atitude pode ser, no máximo, um instinto biológico (acredite, hormônios funcionam muito bem, isso é genético, evolutivo) ou um ato de egoísmo, aos quais chamamos de “Amor”. As pessoas, com todo o “amor” possível, desejarão que eu deixe de existir, pois o dia das mães está se aproximando e eu aqui falando tais coisas.

Amar é uma ação genuína. Fazer algo por alguém apenas porque está fácil de ser feito, ou porque te disseram que se você fizer irá para o céu (ou será livre do inferno), não é amor (é proteção de “bens infinitos”, ou fuga da “pena eterna”). Não obstante, a maior propagação de amor nos dias atuais gira em torno da chamada lei do retorno – genericamente entendida como “tudo que vai, volta”. Ou seja, ame o seu próximo para que você seja amado no futuro – dizem. Isso, para mim, é um dos maiores absurdos que podem ser propagados – sem dizer que é um sofisma referente ao chamado Princípio Hermético da Causa e EfeitoAme uma pessoa porque é isso que deve ser feito, e ponto! Não faz sentido amar alguém por recompensas, reconhecimento, honra, medo, ou seja pela barganha que for. Ou você ama genuinamente, ou nunca houve amor. Não precisamos confundir relações familiares e sociais com “Amor”. Boa notícia: Se ainda não desenvolvemos essa sensibilidade de Amar genuinamente, ainda podemos buscar por isso; basta trilhar passos mais Humanos.

Outro ponto… Dizer que “você jogou fora o amor que eu te dei“, “você destruiu o nosso amor“, “se não cultivar o amor ele morre” ou “ame quem te valoriza”, não passam de falácias bem aceitas pela sociedade – e é a cada dia mais valorizado em músicas românticas, que chamam de amor a simples vontade de beijar uma pessoa e levá-la para a cama. O Amor não pode ser algo assim tão frágil e desprezível que caiba a alguém jogá-lo fora, destruí-lo, matá-lo ou para que o utilize como fator seletivo e reprodutivo. Mais uma vez, configura-se aí um ato de possessividade. Achamos que o amor é algo pequeno o bastante para caber em nossa medíocre propriedade, a ponto de assumir a ilusão de que o amor é nosso. Não! Isso não é amoré egoísmo puro, e dos grandes. Se você Ama uma pessoa de verdade, ninguém pode sequer ferir o amor que você sente. O Amor deveria ser incondicional – um ato que não pede nada em troca e que não precisa de reconhecimento para existir. O que precisa de uma razão ou de um reconhecimento para que exista é o nosso ego, a nossa vaidade, o nosso apego (em todos os níveis). Se você Ama, você Ama!

Para finalizar, insisto que, se você faz algo somente por prazer, ou, porque te torna mais bem quisto, porque é o que agrada a Deus (para os que nele creem) e porque lhe garante um retorno positivo, saiba: isso não é amor, mas algo que existe entre o egoísmo e o instinto de sobrevivência animal. Não se iluda! Quem Ama, Ama! Todo o restante, é barganha, que pode ser má intencionada, ingênua ou instintiva, mas não é o Amor em si.

 

#CurisaMente

Busquei alguns conceitos mais populares e encontrei algumas definições de fato curiosas (para não dizer estranhíssimas) sobre o que seria o Amor do ponto de vista mais compartilhado entre a sociedade (acesse o link aqui para ver o conteúdo completo, a imagem abaixo é apensa um recorte da página):

 

Captura de tela 2018-04-27 14.45.40

 

#VocêJáParouParaPensar?

 

Andreone Medrado
Devaneios Filosóficos