EU QUERIA… MAS…

Eu queria acreditar que aqueles que votaram e seguem determinados a votar no candidato J. M. Bolsonaro (JMB) o fizeram e o fazem apenas porque avaliaram a sua proposta de governo e encontraram argumentos que de fato são transformadores para a nação brasileira. Mas basta saber ler para perceber que o “documento” é recheado de contradições e de discursos separatistas (tal como o candidato evidencia frequentemente em suas falas públicas);

Eu queria poder conversar com os eleitores e com as eleitoras do JMB para entender o porquê deles realmente defenderem essa candidatura mesmo sabendo que todos os vídeos em que o JMB aparece falando atrocidades são reais e que ele nunca fez questão de negar cada palavra. Mas seus votantes parecem concordar com tudo que ele diz, afinal, ele defende a “família”, o “cidadão do bem”, a “segurança”. Em que país vivem esses eleitores que não são capazes de observar as ondas de violência que estão crescendo em cima de uma ideologia (a Ideologia do Ódio e do Extermínio)?;

Eu queria acreditar que as pessoas agem por ingenuidade ou falta de informações ao defenderem um ditador. Mas a história não brinca nessas horas. Adolf Hitler, Josef Stalin, Mao Tse Tung, Benito Mussolini, Francisco Franco, Fidel Castro, Mustafa Kemal, Getúlio Vargas, Emílio Médici, Costa e Silva, Ernesto Geisel, João Figueiredo e muitos outros, não são nomes de romances literários, foram pessoas reais cujas ideologias basais mantêm uma aproximação direta com as ideias e os mecanismos utilizados pelo JMB. Parte do eleitorado parece admirar comportamentos autoritários e defendem como se defendessem a própria vida… pena que é ilusão. Ou estou redondamente enganado? Gostaria muito!;

Eu queria ter ouvido e lido errado quando pessoas me questionaram por defender tão fortemente os LGBTs se não sou LGBT [?]. Mas, infelizmente, essas pessoas estão habituadas e foram ensinadas a defender apenas aquilo que está escrito no seu “modus operandi”. Olha, eu defendo e defenderei sempre essas causas! Além disso, nunca serei uma mulher, mas defenderei o feminismo com todas as forças; não sou portador de necessidades especiais, mas defenderei a causa deles até o fim; não sigo nenhuma religião e nenhum deus, mas defenderei a liberdade de que pessoas possam praticar seus cultos. Respeitar a existência do outro é um dever daqueles que pensam;

Eu queria acreditar que uma pessoa que lê a Bíblia e apregoa o “amor” acima de tudo seria incapaz de apoiar a tortura, o estupro, a violência e qualquer tipo de preconceito. Mas como, se os próprio discursos bíblicos são segregacionistas? Quem é da minha tribo merece viver, quem não é, deve morrer (Sodoma; os profetas de Baal; Elias e os cem soldados; os egípcios… sem dizer do que publiquei recentemente: “quem crer e for batizado será salvo, quem não crer será condenado”). Não importa a sua ideologia, apelar para o extermínio é um comportamento brutal;

Eu queria não precisar excluir pessoas das minhas redes por questões políticas. Mas nunca fiz isso mesmo! Quando excluo alguém, o faço porque não sou conivente com a violência. Quem apoia violência não pode dizer que não é violento. Você (talvez) não mataria uma pessoa que é contra o seu pensamento, mas também não se importa que ela fosse morta por uma outra pessoa – afinal, você não teve nada a ver com isso (antes ela do que eu, dizem os idiotas). Para mim, a rede social não é uma extensão do meu corpo físico, te excluir aqui não significa te odiar e fugir de você nas ruas. Significa que não quero participar dos seus discursos cegos e bárbaros. Estarei sempre disposto a conversar – mesmo sabendo que, o que é uma pena, “conversar” não é um verbo conjugado por intolerantes, dogmáticos e apoiadores de ditadura… Reitero, não é política, é ética;

Não apoio nem o JMB nem as pessoas que concordam com a postura e com a ideologia desse candidato – leiam outra vez, eu disse postura e ideologia. Sou contra essa mediocridade que só tem legitimado a violência pré-existente nos corações já violentos e desacreditados, mas que agora ganham força e se expressam como se fossem dotados de direito. Isso não é uma questão política, mas é sintoma de falta de caráter ou, na melhor e mais otimista das hipóteses, é um total desespero da população. Seja o que for, só peço que repensem no que acreditam. Repensem nas consequências, leiam um pouco de história, sociologia, filosofia…verão que há algo de errado no Brasil. Incluam outras pessoas, que não apenas a sua família rica, heteronormativa e evangélica, em suas decisões;

Por fim, eu apoio e defendo:
a causa dos negros e condeno o racismo;
o feminismo e repudio a misoginia;
os LGBTQ+ e acho estúpida a homofobia;
a liberdade de expressão que não comprometa a existência do outro;
a inteligência e o conhecimento;
a educação;
os direitos dos animais e o meio ambiente.

Apoiar essas causas e apoiar o JMB são atitudes imiscíveis. Ou seja, não se misturam – são incompatíveis. Ou um, ou outro. Quem disse isso? Ele mesmo – o JMB. Use seus recursos tecnológicos e pesquise; constatará com ainda mais detalhes.

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#VocêJáParouParaPensar?

 

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Andreone T. Medrado
Devaneios Filosófico