Mais uma virada de ano, mais um momento em que as pessoas se amam profundamenteque-as-luzes e desejam sempre o que há de melhor no mundo – ao menos é o que se diz por aí. Em geral, o que mais se deseja são prosperidade e sucesso; parece que são as coisas mais buscadas pela humanidade desde sempre. E isso não é necessariamente ruim, porém, não é o assunto do qual pretendo tratar hoje.

Quero apenas chamar a atenção para um fato curioso: provavelmente, se você tem um smartphone e está conectad@ a redes sociais, deve ter recebido mensagens de felicitações e de “boas-vindas a 2019” de pessoas que raramente falam com você. Quando acontece dessas mensagens chegarem de pessoas conhecidas, elas vêm na forma de imagens, como essa acima, que já estão prontas e foram apenas copiadas de algum lugar – e que às vezes são de alguns anos atrás. Essas mensagens contém palavras lindas, com recados animadores para a maioria e pode até conter o que a pessoa quis dizer – mas geralmente são enviadas para uma lista de contatos de forma mecânica. E é sobre isso que quero conversar.

Nosso momento tecno-social está muito além daquilo que a espécie humana já sonhou um dia. O nosso poder de conectividade extrapola qualquer idealização feita, inclusive, por nossos pais quando tinham a nossa idade. Talvez por isso seja tão “natural” agirmos de forma quase que totalmente dependente dos meios virtuais de telecomunicação. Praticamente tudo que desejamos dizer a alguém pode ser feito através de portais na internet, desde enviar mensagens de feliz ano novo até decidir o futuro de uma nação – e o mal não está necessariamente nisso; a dinamicidade na qual vivemos exige que as coisas sejam assim. O uso das tecnologias de informação e comunicação servem e muito para que a atual configuração de uma sociedade globalizada aconteça da forma como presenciamos dia após dia. Mas será que precisamos ser apenas virtual, sempre?

Concordo que hoje em dia o número de ligações feitas tem diminuído em decorrência da oferta de contatos a partir de redes sociais. Enviar um SMS pode soar como algo completamente reservado ao esquecimento para algumas pessoas; até o uso de e-mails está menos em voga (eu já enviei várias cartas para paqueras, via e-mail – várias mesmo), ele restringe-se mais ao meio profissional. Então, questiono-me o seguinte: se sabemos de toda essa virtualização das relações humanas, por que não procuramos utilizá-las ao nosso favor, mas com autenticidade e dedicação?

Se o que temos a dizer para alguém é realmente importante e representa aquilo que está no nosso íntimo afetivo, por que não o fazemos com nossas palavras? Podemos usar os meios digitais; se temos acesso a eles, por que deixá-los de lado? Mas por que não os usamos apenas como meio de comunicação para transmitir uma mensagem de fato nossa? Outra coisa é a seguinte: aproveitando-se da praticidade tecnológica, algumas pessoas enviam a mesma mensagem, com as mesmas palavras e desejos, para várias outras pessoas (quem participa de grupos no WhatsApp sabe que uma mesma mensagens costuma circular pelos diferentes grupos várias vezes). Penso que podemos escrever uma mensagem para cada pessoa que realmente nos seja especial, na qual podemos dizer aquilo que verdadeiramente lhe desejamos, com nossas próprias palavras e com os nossos próprios sentimentos. Em um mundo aonde as palavras são cada vez mais mecânicas e vazias, escrever com sentimento e amor são joias raras.

A boa notícia é que podemos possuir essas joias raras; apenas nos esquecemos de que podemos porque nos deixamos ser levados pela enxurrada de compromissos e afazeres que julgamos ser mais importantes que o afeto humano propriamente dito. Mas não se permita ser assim por mais tempo. Ademais, entenda a palavra “afeto”  no sentido real: o de afetar. Nós, Homo sapiens, somos seres afetivos, ou seja, temos a capacidade de afetar e de sermos afetados, então, usemos de autenticidade para fazermos isso de maneira espontânea e sincera. Use dos meios de comunicação, mas apenas para transmitir a sua verdadeira mensagem, não seja você o objeto usado por eles – use-os. A sua mensagem pode afetar a vida de uma pessoa, e pode ser transformadora para além do que você imagina. Sabe aquela pessoa por quem você tem um carinho especial, e para a qual você fica procurando a melhor das imagens na internet para enviar a ela? Então, grave um áudio, digite uma mensagem, escreva uma carta. Derrame-se nessa ação, seja você para ela. Você não faz ideia de como isso transforma a vida de quem recebe. Quer saber mais? Faça um telefonema, diga com a sua voz, se possível for, o quanto você lhe deseja de bom e de melhor – abrace as pessoas – afete positivamente quem você ama e deixe-se ser afetad@. A vida não dura tanto quanto imaginamos, e o depois nem sempre chega. Mas o hoje está aí, com hora marcada para acabar – aproveite-o com intensidade. Isso faz parte do processo chamado viver.

Por fim, para quem vibra diante da virada de calendário anual, quero desejar uma “nova fase”, com novas possibilidades de transformação; para quem considera isso simplesmente como mais um dia que se altera no calendário chamado vida, like me, desejo que também aproveite as oportunidades transformantes. Desejo a tod@s, acima de tudo, que cada possibilidade de mudança seja sentida com muita intensidade, que cada dia seja vivido em sua plenitude e que nossos momentos de reflexões não sejam meras epifanias, mas que façam parte do nossos dias, feitos de forma conscientemente necessária.

O Blog Devaneios, com o uso de minhas simples palavras, seguirá na tentativa de propôr questionamentos e levantamentos críticos sobre a nossa existência. E não há nada que eu valorizo mais que uma mente aberta para compreender os processos da vida e do mundo. Se 2019 te apresentar desafios, dores, alegrias, dias bons ou dias ruins, não se desespere! Sente-se, olhe para dentro de si e pense: “o que posso aprender com isso?”. Um erro só seguirá sendo apenas um erro se não aprendermos nada com ele. Aprenda algo e, então, ele será também um ensinamento. Lembremo-nos: mudar os objetivos e metas, refazer os roteiros de viagens e modificar a agenda de 2019 não fará sentido algum se antes não aperfeiçoarmos quem conduz todas esses planejamentos – ou seja, a nós mesmos. E precisamos mudar de dentro para fora. Mude seus valores e seu comportamento e a sua vida será mudada!

Essa é a minha mensagem para você, que acompanha o Blog e faz dele o que ele é: uma tentativa de compartilhamento de saberes. Não deixe de pensar!

 

Um forte abraço a tod@s!

 

#VocêJáParouParaPensar?

 

Andreone T. Medrado
Devaneios Filosóficos

 

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NOTA: a imagem da capa foi obtida neste link.