#20 – aliviando o monstro. Gershon Legman dizia que “o castigo que nós merecemos só pode ser desviado se negarmos a responsabilidade do crime, projetando a culpa na vítima; provando, assim – pelo menos a nós próprios – que, dando o primeiro e único golpe, agimos simplesmente em legítima defesa“*. Disso, suponho que é mais confortável, mesmo que não seja reconhecido, o dizer de que “essa não era a minha intenção, mas…“. Ora, assumindo tal comportamento como legítimo e recusando de imediato todas as suas deliberações prejudiciais sobre quem quer que seja essa vítima, se não aliviamos o monstro que vive em nossas periferias, em algum momento ele vai ao centro e nos devora vivos; e, por assim dizer, ao pensarmos e crermos dessa maneira, sempre buscamos por um objeto o qual passamos torná-lo culpado – e ele deve necessariamente morar fora de nós. Assim, nesse movimento serpentino, preciso em suas imprecisões, cada qual à sua maneira – exclusiva e excludentemente à sua maneira! – alivia-se de si. Afinal, há que se aliviar o monstro, do contrário… Espere! Há que se aliviar o monstro?
* * *
Andreone T. Medrado
Devaneios Filosóficos
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NOTA: a imagem utilizada para compor a capa dessa publicação foi obtida aqui.
(*) G. Legman. Psychopathologies des comics. Le temps modernes, nº43, pp. 916. Citado em: Frantz Fanon, 1952. Pele Negra, Máscaras Brancas. Ed. EDUFBA, Salvador, 2008. pg. 131.
E como aliviamos os monstros sem culpabilizar o outro? Ou outra possibilidade, seria conviver com eles e aceitar que residem na nossa periferia?
Talvez não existam culpados, apenas vitimas…
Possibilidades!
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Vítima*
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Tendo a concordar que aceitar que há um monstro em nós, por mais dolorosa que seja a constatação, pode permitir ações mais eficientes… A culpa encerra e si o ato de trabalhar um problema; ela elimina a necessidade lógica da mudança… Por isso, pensar na situação sem se “fechar um/a culpado/a” pode ajudar.
Muito obrigado pelo seu comentário.
Um abraço!
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