Numa sociedade cujo projeto maior é vender a “Felicidade Plena” como o principal objetivo de vida, corre-se o risco de vendermos nossa imagem somente para não sermos excluídos do grande grupo chamado: Pessoas Felizes.

Com isso ocorre a grande exposição nos meios de comunicação. Mas não acho que se expor demais seja sinônimo de mostrar-se o tempo todo em todos lugares – ou não apenas isso. Neste caso, a exposição é da capa, da cobertura imaginada, fantasiada, da esperança e do grito por uma aceitação. Ainda, pode acontecer de pensarem que estão expondo demais suas “conquistas”, seus sonhos, e histórias de sucesso. Mais uma vez: não acho que seja essa a exposição que mereça a nossa atenção imediata.

Expor-se demais pode ser um mecanismo de quem sofre, de quem pede ajuda e, na impossibilidade instrumental subjetiva de se compreender, precisa mostrar de si para o mundo na esperança outra de que ao ser notado/a seja, então, socorrido/a. E é a essa exposição desesperada que me refiro.

Eis a questão: como que, num mundo de “felicidade acima de tudo” as pessoas darão atenção aos seres infelizes? Ainda, como se perceberão infelizes se suas exposições mimetizam, ainda que sem sucesso real, a cobiçada imagem de “felicidade”? Ao expor suas facetas sempre “positivas”, risonhas e inebriantes, as pessoas estão expondo também as suas fragilidades. E as expõem num mundo de sujeitos cujos olhos, ouvidos e até bocas estão vendados; verdadeiros corpos andarilhos em busca de prazer.

A “Felicidade plena” é um Projeto Social de opressão, de segregação, de desigualdade, e de injúrias. Nesse mecanismo complexo, um grupo só pode ser “feliz” à custa do outro. E vale dizer que se você vende a sua mão de obra, o seu tempo e sua imagem – portanto, o seu corpo -, certamente você está no grupo dos imitadores da felicidade plena, jamais naquele dos que a “projetam”. Levantando a hipótese de que você não seja triste, digo também que você não é feliz plenamente. Você é uma fraude que [aparentemente] deu certo, pois se convenceu de que precisa ser feliz o tempo todo. Ainda, você é um parafuso na máquina que gira o mundo da ganância e da aparência.

E as pessoas se expõem dessa maneira porque, segundo esse Projeto Social, quem não é feliz só pode ser infeliz, logo, não encontra um lugar comum no grupo desejado. Mas quem disse que devemos buscar pela felicidade o tempo inteiro? Ou melhor, o que de fato é a felicidade e onde ela está?

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vjppp

Andreone T. Medrado
Devaneios Filosóficos

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NOTA: a imagem usada para compor a capa desse texto foi obtida aqui.