O tempo passa como passa o vento pela janela,
o percebia à medida que balançava as cortinas e fazia o barulho;
sabia que estava ali quando tocava minha pele.
O tempo sempre passa, mesmo que eu finja sua inexistência.
E foi com o passar do tempo que aprendi muitas coisas;
e aprendi a fingir.
Já fingi que não era ódio o que sentem pela cor preta;
fingi que alguém lá em cima havia criado todes iguais;
esse fingimento não funcionou mais;
hoje finjo que posso mudar algo nesse cenário;
Depois de ver e de sentir as mentiras e as trapaças, aprendi a fingir saber amar;
hoje finjo que sei o que é o amor, e finjo ainda melhor que o sinto quando dizem que me amam;
Aprendi a fingir que vale a pena o viver;
finjo tão bem que ninguém ao redor parece notar caso aqui eu não deseje estar;
aprenderam que o sorriso é felicidade e que o trabalho é desejo por existência;
e eu aprendi a fingir sorrir e a trabalhar.
Aprendi a fingir que sou forte; para depois aprender a fingir que nada me dói;
apendi a fingir que sou inteligente;
aprendi a fingir verdades;
aprendi a fingir encantos;
a fingir que sou esse tanto;
mas tive que fingir que não havia prantos.
Aprendi de tal maneira a fingir, que hoje não sei mais se finjo ou se minto os sentimentos que eu sinto.
Quiçá finjo ser só vento aquilo que em todo o tempo balança as cortinas aqui dentro.
* * *

Andreone T. Medrado
Devaneios Filosóficos
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Obs.: imagem utilizada para confeccionar a capa dessa publicação foi obtida aqui.