Ontem Wolloh caminhou nas areias molhadas,
sentiu seus pés úmidos, polvilhados de sílica triturada pelo tempo,
tocavam o chão sentindo o toque asperamente sutil da areia,

Ontem Wolloh caminhou na arei ao mesmo tempo que as ondas tocavam os seus pés,
enquanto um pé pisava e marcava a areia, logo as ondas apagavam as pegadas do pé que se levantava;
era o que Wol queria mesmo,
apagar as pegadas que ele deixava.

É que foi assim:
Wolloh recebeu um convite para ir à praia;
é um ambiente que muito lhe agrada,
aceitou depois de ver que a agenda permitia esse furto ao academicismo.

Pela noite esteve ali, na praia.
Estava escuro, havia apenas a penumbra de alguns iluminadores locais;
Wol realmente aprecia esse espaço entre luz noturna e penumbra na praia,
é como a oscilação entre o estar e o não-estar,
entre o querer e o não-desejar, ao mesmo tempo.

Wolloh adora convites pra ir à praia.
É uma oportunidade de passar a noite
à beira-mar contemplando o movimento das ondas,
ouvindo o barulho da águas, sentindo a brisa fresca no rosto,
tomando um vinho e ficar pensando

pensando em quando será a próxima vez,
a próxima vez que o concerto 21 para piano soará uníssono.
quando o pentagrama envolverá o seu corpo, ou sua mente,
cobrindo sua existência como as ondas cobrem a areia,
arrastando o viver como o mar arrasta as conchas, sutilmente.

Wolloh não aprendeu a nadar, já quis muito;
mas hoje pensa que nadar seria saber assinar um contrato de matrimônio,
não aprendeu a nada(r); não se casou com a vida;
já desejou aprender quase que como meta de vida,
hoje deseja não saber, e é quase como uma meta de morte.

Se nadar soubesse, estaria assinando um contrato com o mar,
ele tocaria o seu corpo e seu corpo o evitaria o abraço e o beijo molhado, profundo e salgado;
como nadar não sabe, resistir também não poderia;
logo, não o assinou, por isso é sem assinar esse contrato que o acaso lhe permite estar livre…
livre para o mar… para seu envolvimento, seu abraço tenro.

Mas ontem soprava um vento ora frio ora fresco,
a brisa era sedutora, de um encanto alcoólico e doce,
um abraço suave e acolhedor,
isso lhe fez ficar ali pensando…

e Wolloh ficou ali…
pensando em quando será a próxima vez,
a próxima vez que o concerto 21 para piano soará uníssono.

Mas por enquanto, e um por umas tantas,
o que ali havia era o som das ondas.

* * *

Andreone T. Medrado
Devaneios Filosóficos

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Obs.: imagem utilizada para confeccionar a capa dessa publicação foi obtida aqui.