Mau-caratismo disfarçado. Que triste constatar que isso pertence à realidade brasileira desde antes dela ser chamada de brasileira. É uma questão estrutural. Latente. Uma debilidade velada dia após dia.
[Infelizmente] Muitas pessoas usam imagens prontas para externalizarem seus mais profundos preconceitos achando que, dessa forma, estarão se isentando do ser humano banal, vil e medíocre que existe dentro delas – usam máscaras e outros disfarces para dizerem o que pensam sem a obrigatoriedade de se assumir como “autoras e autores” da fala, da ideia e do discurso. Como disfarce, vale usar Deus, Jesus, a Igreja, a Política, o “ideal de família” ou qualquer outra ideologia barata que case bem com o figurino. Ainda, defendem ideias desumanas que apoiam a violência e declamam honras à intolerância (seja em qual for a modalidade). E qual o embasamento para todas essas atitudes? Nenhum! Apenas enxergaram-se no discurso alheio e usam-no sem preocupação ou remorsos. O que vale é se disfarçar. Vence quem for mais presunçosamente criativo. É um disfarce que, para os mais observadores, revela exatamente quem é o disfarçado! Acontece como com toda máscara, só a vê que está de fora. O usuário sente-se parte da máscara, e ela dele; mas quem está à parte sabe exatamente da tramoia.
Já vi, inclusive, algumas pessoas dizendo: aquilo que posto nas redes sociais não reflete quem eu sou na vida real. Primeiramente, se essa afirmação é verdadeira, então a pessoa é assumidamente uma farsa ambulante – o que não me parece interessante para alguém que se diz maduro ou madura; segundo, seria até creível que suas postagens fossem diferentes de suas ideias caso eu não conhecesse a pessoa pessoalmente e soubesse que, sim, ela é exatamente o que posta (com alguns acréscimos de elétrons); sem dizer que me parece “idiota” viver postando coisas no próprio perfil sendo que elas não condizem com suas ideias… seria mediocridade? Vai que… Como com toda máscara, só a vê que está de fora. Você se lembra daquela música que diz “Brasil, mostra a sua cara…“. Então….
Não sei você, mas eu não acredito que esse mascaramento seja fruto da falta de informação. Temos informações para “dar e vender” – literalmente. Mas aqui surge outra constatação horrível: o povo, em sua maioria, tem aversão a textos com mais de quatro linhas, sobretudo àqueles que servem de convite ao ato de pensar. Ler livros, então… é o martírio dos martírios. É mais fácil e prático assistir a vídeos curtos e que incitam o ódio, ler memes que nos fazem rir e compartilhar tudo isso, inflamando tantos quanto puder – isso é “legal”. Para que levar a vida tão a sério? – diz o insensato em seu coração. Mas, já adianto, isso não costuma acabar bem! Digo sempre e repito: ser crítico não é o lema de quem prefere a zona de conforto ao trabalho interior.
Por fim, em uma era de tanta informação disponível, em que podemos aprender com mais facilidade sobre quase tudo que desejarmos, como alguém pode se contentar apenas com migalhas de pães? Isso combina muito bem com Mateus 15:27 (e só ali). No nosso atual contexto histórico essa ideia está ultrapassada e totalmente sem sentido.
Lutemos! Amém!
OBS.: Esse texto é o desenvolvimento de um comentário feito no perfil de um Amigo (no Facebook). Se você quiser ler o texto dele e ver o meu comentário original, clique aqui.
#VocêJáParouParaPensar?
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Andreone T. Medrado
Devaneios Filosóficos
NOTA 1: A imagem utilizada para compôr a capa dessa publicação foi obtida aqui.
NOTA 2: A escolha da imagem da capa não significa em nada que o Carnaval Veneziano seja o mascaramento citado no título. A escolha deu-se apenas pelo caráter chamativo e vibrante.