#14 – a barata e o tempo. Considere a existência de uma barata doméstica. Uma barata que vive no seu lixo costuma seguir alguns passos necessários à vida: ela nasce – busca por alimento, abrigo e conforto; cresce – continua se arriscando na vida para conseguir alimento, abrigo e conforto; encontra parceiros, acasala-se, tem filhotes que, como ela, buscarão por alimento, abrigo e conforto e morre. Segundo antes da morte dessa barata, tudo que ela fez pode ser resumido em…. [já sabe, né?] … buscar por alimento, abrigo e conforto. Troque o conjunto “barata que vive no seu lixo” por “pessoa“. Há mesmo uma diferença no processo? Olhe agora para você! O que você tem feito da sua vida que em nada (nem direta nem indiretamente) envolva a sua atuação profissional, a sua alimentação, um lugar para morar e, como se amarrasse todo o conjunto, a busca por conforto? À parte tudo isso, quanto tempo lhe resta para você ser você, tal qual alguém em sua mais inata ânsia pela vida? Você pode escolher hoje mesmo o que fazer com o seu tempo? Por quanto tempo o seu tempo te pertence? De novo, quanto dele você pode escolher usar, vender ou, num momento de pura ilusão, guardar? Porventura, você pode dizer a qualquer momento “Não quero sair de casa hoje, preciso curtir as pessoas à minha volta!”? E, ainda, você pode fazer isso sem depender de ceder parte do seu tempo ao sistema? Ou seria imprudência dizer que praticamente tudo que você fizer – desde trabalhar arduamente e estudar até estourar pipocas, assistir a um filme e dormir – deverá ser pago com mais trabalho e, obrigatoriamente, com mais tempo de vida. Seria a vida um empréstimo de tempos de vida? Vendemos o nosso tempo de vida para conseguir dinheiro, abrigo e conforto? Tais perguntas podem causar um certo incômodo em nós, seres humanos; no entanto, uma barata, que não parece se questionar sobre isso, tem nesse não-saber a vantagem de também não inventar conceitos e não sofrer com eles.

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Esse é um fragmento adaptado do texto De quem é o seu tempo?.
Leia o texto na íntegra aqui.

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vjppp

 

Andreone T. Medrado
Devaneios Filosóficos

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NOTA: A imagem utilizada para compôr essa publicação foi obtida aqui.