Começa com a necessidade.
Sabe-se lá (ou sabe-se bem) de onde ela vem;
mas é no momento em que, com um clique, abre-se uma janela
que se vê pulsar mais rápido a vontade de escolher.
Ainda que essa escolha seja a ilusão de poder.
Pois bem, estão ali suas opções, seus mais inusitados desejos,
gostos feitos ao longo do tempo,
aparências significadas ao longo da sua vida;
objetos que pretendem alimentar uma carência adquirida.
É, assim, como num catálogo de carnes,
em que se apresentam as possibilidades nas quais se expõem os corpos;
passa-se para a esquerda quando não se agrada,
mas se a pupila se dilata, então, joga-se para a direita;
curtir ou não curtir? Eis a questão.
Ali, na tela onde os corpos voluntariamente catalogados se dispõem
dentro de um algoritmo que te conhece talvez mais que você a si mesme,
naquela seleção em que você escolhe pré-requisitos,
e ainda é capaz de se iludir na esperança de que dará certo,
é no andar da carruagem que sua ansiedade ferve pelo incerto.
Você se ilude, mas não se crê na ilusão.
O catálogo de carnes está bem posto,
você escolhe a altura, o porte físico, a cor, o cabelo e o rosto!
Pensa que não, e se considera em desconstrução,
mas seu fetiche vai desde o formato do pé até as curvas das mãos;
Um cabelo que se mostra mais assim,
uma boca de te deixa mais afim,
um corpo que, necessariamente está na moda.. enfim…
você pode estar num processo enviesado, sim!
Uma após a outra passam as fotos na sua tela brilhante,
um após o outro é o corpo que você julga somente, e unicamente, pela aparência;
de que te vale o que pensa o ser,
de que te importa se te agrada ou não aquilo que você nem pode ver?
O catálogo de carnes pixeladas segue furioso,
opções a perder de vista,
vazios existenciais que buscam apenas do prazer uma pista;
Quão sedenta é a sua vontade que nem sua é de fato?
O que você busca quando olha o catálogo apresentado?
Por que se ilude achando que é no outro que habita o seu desejo?
Não é mais honesto assumir aquilo como um quarto de despejo?
Por que você não assume que é como um processo espelhado?
Em você está toda a carência e a insatisfação própria, enquanto isso todo o resto você projeta lá no outro lado.
Ademais, como em todo catálogo, ali estão as melhores e mais alteradas versões!
Filtro que embranquece a pele (dizem que é o preferido num mundo que segrega)
outro que aumenta peitos e bundas;
há também aqueles que clareiam os olhos;
fotos que levaram horas para serem tiradas, pois escolheu-se um ângulo em que as curvas são desejadas;
cabelos,
boca,
cenário,
músculos,
frustrações,
tesões,
vazios,
paixões
…
quem se põe no catálogo é também que seleciona as carnes do mercado,
cada ser, um do lado de cá, outro de lá, escolhe aqueles gostos construídos socialmente,
aquele que, no silêncio da nossa consciência nos diz que merecem estar com a gente,
escolhe-se tanto, que de nada se entende,
muito menos se sente.
Escolhe-se a si mesme, mas na outra gente.
Se você mira uma carne é porque também a sua foi posta à venda,
paga-se com trocas de mensagens,
mesmices à toda hora,
nudes contratuais,
“fotos de agora“.
Um agora que nem existe mais,
num depois que não se prevê jamais.
Dizem que os relacionamentos estão frios hoje em dia;
que se escolhe um par como se fosse mercadoria,
assim, como se fosse num catálogo de carne fria.
Mas desde quando isso foi diferente?
Quando que se foi capaz de olhar a gente pela gente,
e não o outro corpo pelo que nos falta intrinsecamente?
A mente mente,
a gente sente,
mas finge que entende!
Assim, sendo breve, mas coerente,
qual foi a última vez que o seu desejo folheou o catálogo no qual você também se catalogou como uma carne atraente?
* * *

Andreone T. Medrado
Devaneios Filosóficos
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NOTA: a imagem usada para compor a capa desse texto foi obtida aqui.
A falta de amadurecimento emocional, impede muitas pessoas de entenderem e, principalmente viverem conexões. Costumo dizer, muitas vezes, até durante ato sexual, que Não é o ter a mesma anatomia ou ter gêneros diferentes, que fundamenta atração! Quando percebi que fiquei adolescente: primeira ejaculação expontânea pela atração despertada pelas pernas de um colega, me vieram pensamentos de como seria depois da paquera, se ele quisesse me penetrar? Talvez por isso, fiquei virgem até os 27 anos. Ai destino sempre é destino, encontrei depois dos 40 anos, o colega “pivô” do início da minha adolescência e, comentou de ter tido 4 filhos e, ao saber que eu sou solteiro, confidenciou que sempre pensava em tornar intima nossa amizade e, maroto disse pode ser agora. Fomos ao motel e, comentei da minha “preocupação” e ele disse que não existe “acasalamento” mesmo com homem, que não aconteça, claro alguns mais demorados para ajustar diametro da dilatação e do pênis, mas com mulher tem a espera da menstruação ou enxaqueca ir embora. Que dia Inesquecível! Ai em 2018, o entrosamento que tive com colega de trabalho de setor vizinho, no banheiro do andar em que trabalhávamos, começando com beijo, final de expediente e, terminando em transa, me fez pensar, aquela questão de perceber o homem. Foi um dia em que nos encontramos mais vezes, talvez ele com libido bem aflorada e, muitas vezes eu ia ao banheiro para urinar pouco. Quando ele soube até disse que eu buscava pegar no próprio pênis para amenizar a carência de ser penetrado! E eu e ele, com Diferença de Idade de 17anos, que Não impediu de namorarmos naquele ano! Nem todos os caras, que transei, eram do biotipo “sarado” e muito menos eu, mas eu ouvia: “essa tua feminilidade, afeto, super carinhoso, nos acende”!
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