Dizer que o uso do cigarro faz mal é uma grande verdade. Além disso, é preciso, sim, conscientizar os fumantes e não-fumantes de que o uso abusivo do cigarro pode levar à morte. Mas há outra coisa também muito importante a ser dita: falar a uma pessoa fumante que ela deve parar com esse vício geralmente é muito fácil; mas parar de fato com o vício não é assim simples!

Há poucos dias eu estava num ponto esperando por um ônibus, quando vi no chão uma embalagem de cigarro com uma séria advertência dizendo: “VOCÊ INFARTA”. Na hora, tirei uma foto com a intenção de comentar com amigos sobre os perigos do cigarro e ainda me questionei sobre o porquê de, mesmo com repreensões tão explícitas, as pessoas continuarem fumando. Foi quando parei e pensei em tudo que já estudei até aqui – sobre mecanismos fisiológicos, vícios, sociedade, cultura e saúde – que vi o quanto eu estava errado em querer criticar as pessoas fumantes apenas a partir de um único ponto de vista – o meu. Claro que inevitavelmente me toquei do quanto faço isso para outras tantas situações corriqueiras. É como se o meu quintal de experiências servisse de referencial no entendimento do mundo. Mas nitidamente ele não serve!

Nesse sentido, percebe-se que condenar um vício e tecer críticas agressivas aos viciados não é o melhor caminho para lidar com ninguém. Por outro lado, entender os mecanismos fisiológicos, bioquímicos e psíquicos que desencadeiam um vício talvez não seja a primeira opção de todxs. Mas, e se tentássemos nos colocar no lugar dos fumantes, por exemplo? E se tentássemos compreender que essas pessoas estão em uma situação delicada; fácil de entrar e difícil de sair? E se antes de nos afastarmos do cheiro do cigarro (e por isso das pessoas também) tentássemos ser um ombro amigo?

Quando há um vício, há também uma necessidade envolvida: precisamos ser a última porta à qual uma pessoa poderá bater! Devemos pensar como se depois de nós não houvesse outro alguém, pois daríamos a assistência necessária para que não falte o amparo mínimo – assim seremos integrais em atenção e em força/apoio. Se podemos orientar, que orientemos; se podemos buscar por mais auxílios, que busquemos; se temos condições de acompanhar alguém em um tratamento, que façamos isso! O que não vale é negar a atenção e desconsiderar a empatia. E aqui cabe um lembrete: o maior vício é quando estamos viciados em nós mesmos e, por isso, não somos capazes de enxergar nenhuma outra pessoa sem que sobre ela tenhamos interesses egoístas envolvidos, ajudando apenas a quem nos garante privilégios. #VocêJáParouParaPensar? Pense nisso! O uso do cigarro não faz bem à saúde, ok! Mas, se fumar causa um infarto, desistir das pessoas é ainda pior; pois pode matá-las!

 

vjppp

Andreone T. Medrado
Devaneios Filosóficos

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